logo

Cap. 66

Ilustração com a silhueta de um urso pardo empé, com os braços abertos e garras à mostra. Na base, em frente ao urso, está a silhueta menor, com contorno vermelho, de um indígena segurando uma lança.

Com a cara pálida, Cobra Traiçoeira tenta consertar a situação na base da diplomacia: — Xerife, cale a boca!

Wayne, espantado com a reação dos indígenas: — O que foi? Ele também me interrompeu antes enquanto eu falava!

— Cale-a-boca! – apela, pausadamente, mais uma vez, Cobra Traiçoeira.

— Aquele branco também salvou sua vida, pequena cobra? – pergunta o irmão, preparando-se para ordenar o ataque.

Cobra Traiçoeira faz uma última e desesperada tentativa: — Por favor irm... Urso Negro, não precisa haver mortes. Deixe-me falar com nosso pai, eu imploro.

Urso Negro levanta a mão e os demais nativos preparam suas armas. Mesmo sem entender o idioma, Wayne percebe o que está para acontecer e coloca a mão em seu Colt.

Ele sabe que não terá balas suficientes para todos aqueles indígenas, mas é rápido o suficiente para acertar um tiro em Urso Negro, um em Cobra Traiçoeira e dois em Augustus (ele não poderia morrer e deixar para a cobra o gostinho de ter matado aquele maldito).

— Implorar? – surge um novo nativo, montado em um cavalo coberto de desenhos e sinais pintados. — Não admira que se chame de Cobra, já que passa a vida mais rastejando do que em pé.

— Nĭ‘nna! – Urso e Cobra falam ao mesmo tempo, enquanto abaixam as cabeças em sinal de respeito.

— Nĭ‘nna? – questiona o nativo, agora falando em inglês. – Você ainda me chama de pai? Fugiu do seu povo, renegou sua história, abandonou a família, mas ainda me chama de pai?

— Ele também me chamou de irmão. – acrescenta Urso Negro, calando-se novamente após um olhar reprovador do pai.

Pai: — Você troca seu povo e suas obrigações por uma vida de trapaças e bebidas, e quando volta, vem trazendo seus novos amigos branc...

— Eles não são meus amigos. – interrompe Wayne, sussurrando, mas ainda audível, para calar-se logo após um olhar reprovador de Cobra Traiçoeira que o deixa parecido com seu pai.

Pai: — Por que devo aceitar você de volta, pequena cobra? Por que devo receber seus amigos brancos?

Wayne chega a tomar fôlego para protestar, mas desiste assim que cruza o olhar com Cobra Traiçoeira.

Pai: — Por que deveríamos salvar seu amigo?

— Chega de mortes! – determina uma voz feminina grave e rouca.
 

Texto Anterior Próximo Texto